sábado, 8 de maio de 2010

Altos de la Hoya

- Vamos, erga uma taça de vinho, brindaremos.
- Afinal, a vida é muito curta pra viver um grande amor. (um brinde)
- Um grande amor toma tempo, isso é fato, mas e as recompensas que ele traz?
- Que amor que traz? Amor não traz, amor existe...É quando o sol me diz que é cedo, quando a passarada me visita na janela, quando rego as flores com os olhos...
- Sabe de uma coisa, o amor faz você sentir tudo à flor da pele, todos os sentidos ficam extremamente aguçados.
- O amor é assim, minha amiga, um brinde de faca. Passa ventando na entrada da casa, pisoteia o chão que tu perdes...
- Então, será que realmente vale à pena? Afinal, é que nem tirar doce de criança. Só que você é aquele projeto de adulto que está vendo o mundo todo colorido, feliz por ter algo que tanto gosta por perto e do nada tiram de ti, sem motivos aparentes. Como se sentir?
- Como sentir? Aperta nos braços aquela florzinha delicada, até que uma rajada de ar frio carrega suas pétalas para lá longe. Abre as mãos. Olha os espinhos.
- Só sobra a dor. O vazio do teu apartamento, as lembranças que pioram tudo. É um falso-infarto.
- "Era uma vez" - uma vez como todas as outras, o começo de uma velha história.
- Uma rotina que infelizmente ninguém consegue ficar sem.
- Uma vaga no inferno.
- Às vezes fico perdida com tudo isso, não vou mentir. Se o amor fosse tão ruim assim, porque ainda tem gente que é feliz? Vai ver é só certas pessoas. Popularmente falando: "Jogamos pedras na cruz e uma delas deve ter atingido o saco de Jesus".
- Felicidade é coisa boa porque assim colocaram na cabeça. Algumas vezes eu me acho feliz brincando de juntar os cacos que perdi no chão, pedaços de mim mesma. Sou uma criança tricotando a alma... (um sorriso desgostoso).
- O gramado do vizinho sempre parece mais verde. Desacredito no amor, apesar dos apesares. Ele bateu na minha porta, me abraçou fortemente, ficou por uns dias na minha cama e deixou um bilhete desagradável no travesseiro.
- É mentira. É tudo mentira nossa, ele só bateu na porta porque pode voltar pela janela. Ele não escreveu um bilhete ilegível! Eu duvido que meu amor me enganou um dia...
- Vai ver, flor, somos nós com esse jeito peculiar de levar a vida. Ele está ali sempre nos visitando e o que fazemos? Deixamos ele entrar, bagunçar, amar, sentir.
- Sentir a alma virar do avesso, sentir o peso de um raio de sol chicoteando um coração rasgado.
- Rasgado. Desgastado. Remendado. Sujo. Nas últimas.
- Um escarro. A trovoada. Um grito!
- Doce igual ao vinho que saboreamos. O álcool dá vida a quem já morreu.
- Então o amor é isso, doce como o vinho e vai matando aos poucos...Mas onde paramos?
- Paramos no gosto do amanhecer, no perfume nos lençóis, na voz do outro lado da noite.
- Eu pensei na passarada, no bilhete que já vejo esmaecer no papel amarelado...E aí um brinde.
- Um brinde aos grandes amores. Eternos enquanto durem.
- Um brinde a era de uma vez só, e felizes para sempre. (brindam)
(Parceria com a minha amiga, irmã, parte do meu coração: Carol)

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