quinta-feira, 18 de novembro de 2010

22h51 - O avião decolou de São Paulo.
Sabe, acabei de deixar o amor da minha vida em terra. Ficamos muito tempo parados no pátio do aeroporto, eu não fiz nada, poderia ter saído correndo pela porta, qualquer coisa. Já disse que sempre gostei de voar? Me passa uma paz, só que pela primeira vez em vinte anos, eu não queria tirar meus pés do chão. Recebi uma ligação minutos antes de lacrarem o avião, ele desejou boa viagem - melhor do que a última que me tirou dos braços dele - e pediu com a voz doce que avisasse quando chegasse. Eu não queria chegar, queria ficar ali. Admito, faz uns dias que não seguro as lágrimas, as vinteequatrohoras ou melhor, a falta delas bate e arrebenta com tudo. Agora, só me resta o apego algumas lembranças através de balas, papéis e memórias. A maré está subindo - de novo - vai voltar e eu, junto com ela. Dessa vez, a nossa distância vai permanecer por um bom tempo de apenas 156km.

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