quinta-feira, 9 de julho de 2009

“Dá-me um violão, que te canto o amor”

Ela meio perdida e racional como sempre, era difícil de mudar, vivia entre mistérios e pedaços da vida contada em fragmentos rápidos jogados por meio de sussurros na noite. Duvida de cada passo dado, ainda mais dos dados para perto dela, mas às vezes, até a mais forte como a mais medrosa pessoa sente a falta, quer gritar, quer demonstrar que também pode ser frágil. E parecia que a cidade, o estado, país, o mundo estava ficando maior, mais do que já parecia se fosse relacionar o tamanho da própria. Musicista de coração perdeu o ritmo, a harmonia, o dom com o instrumento, tristeza forte que a corroia por dentro, perdeu o ar. Não tinha mais voz, cordas do violão, som do amplificador, que dor. Queria tomar o primeiro avião, destino? Qualquer um, só queria manter-se longe por tempo indeterminado. O céu é o limite. Três anos de puro amor jogados fora, assim, como nada. Viu tudo ser domado pelo fogo de uma vez só, a chama era que nem eles, durou o que tinha que durar, acabou sem motivos coerentes. Que dor, só isso que pensava. Musicista não chora, compõe, acabou com um caderno e espalhou partituras pelo chão. “Dá-me um violão, que te canto o amor”, dizia nos bons tempos. Ela não tem palavras, o sorriso grande e belo que vai além de dentes e gengivas está escondido, aparece de vez em quando envergonhado. Dor de musicista vai além do clichê, é a única que apesar de tudo, só rende belas melodias eternas, as mesmas que deixam de ser o motivo do sofrer único e passar a ser a tradução do sofrer coletivo.
Luíza Albuquerque

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